Deputado Arnaldo Jardim

A alegria contagiante do brasileiro - 2012

Arnaldo Jardim

Carnaval: uma das festas populares mais animadas e representativas do mundo. Durante vários dias o País sai para dançar e se divertir, as diferenças sociais, raciais e religiosas se diluem num caldeirão de ritmos que proliferam do Oiapoque ao Chuí. Dos rincões do País às capitais, nem Mario de Andrade imaginaria a diversidade do cardápio festivo, cada comunidade brinca de acordo com seus costumes, mas a alegria contagiante é uma só.

Uma festa plural e democrática de um povo mestiço, onde a animação despreocupada dos foliões pede passagem e ganha às ruas e avenidas.

Sua origem divide os historiadores, alguns argumentam que esta festa “tão brasileira” se originou na Grécia em meados dos anos 600 a 520 a.C., como um agradecimento aos deuses pela fertilidade do solo e pela produção. Outros defendem a tese de que se originou no entrudo português, num período anterior a quaresma e, portanto, tinha um significado ligado à liberdade.

No Brasil a partir do século XX, o carnaval foi crescendo e tornando-se cada vez mais popular com a ajuda das marchinhas carnavalescas. Recordo as marchinhas, fáceis de entender e dançar, e por prestar-se à crítica, à sátira, à galhofa.

Muitas delas continuam atuais. Crônicas urbanas, elas tratam normalmente de temas cotidianos. Histórias do dia-a-dia dos subúrbios cariocas. Por muitas vezes, tinham conotação política. O ambíguo, o duplo-sentido, era muito explorado. Uma forma de dar leveza a temas que não eram assim tão “leves”.

As marchinhas de carnaval tiveram seu auge nos anos 30, 40 e 50, e de certa forma, narram a história do Carnaval. Foi uma espécie de embrião das escolas de samba, os cordões de foliões agitavam as ruas do Rio de Janeiro. Nomes como Almirante, Mário Reis, Dalva de Oliveira, Sílvio Caldas e Carmen Miranda, os grandes cantores da época, gravaram marchinhas e com elas venceram muitos carnavais. Os principais compositores, que escreveram aclamadas músicas de festa, foram Noel Rosa, João de Barro (pseudônimo de Braguinha), Lamartine Babo e Ary Barroso.

Atrevo-me a dizer que as marchinhas ainda permanecem no imaginário brasileiro. Afinal, quem não se lembra de “Touradas em Madri”, composta para a Guerra Civil Espanhola, “Chiquita Bacana”, uma interpretação muito particular do existencialismo, mas que não se referia propriamente às idéias de Jean-Paul Sartre, e “Yes, nós temos bananas”, que trazia uma crítica bem-humorada à empáfia dos norte-americanos. Isso sem falar nas muitas que foram feitas para Hitler, para as duas fases do Getúlio Vargas, a do Estado Novo e a de sua volta nos braços do povo.

Dos anos 60 em diante as marchinhas começaram a perder espaço para os sambas-enredo. Começam a surgir novas escolas de samba no Rio de Janeiro e em São Paulo, e os primeiros campeonatos.

A partir dai o carnaval de rua começa a ganhar um novo formato, mantendo suas tradições originais na região Nordeste, em cidades como Recife e Olinda, onde as pessoas saem as ruas durante o carnaval no ritmo do frevo e do maracatu. Na cidade de Salvador, existem os trios elétricos, embalados por músicas dançantes e pelos blocos como o Olodum e o Ileyaê, além dos blocos de rua e do Afoxé Filhos de Gandhi.

O verdadeiro segredo do nosso carnaval está na alegria contagiante de um povo sofrido que sabe como ninguém celebrar a vida, integrar e interagir. Então, vista sua fantasia, esqueça por um instante os problemas cotidianos, chame os amigos e caia na folia. Na quarta-feira de cinzas, com energia renovada, continuamos nossa caminhada em 2012!

Bom Carnaval!

 

Deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP)

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