Arnaldo Jardim
“A Engenharia consiste na aplicação de métodos científicos ou empíricos à utilização dos recursos da natureza em benefício do ser humano” – dicionário Houaiss. Dia 11 de dezembro – Dia do Engenheiro.
Na luta pela sobrevivência, o homem modifica a natureza, desenvolve seu conhecimento, cria ferramentas. A primeira clava, a roda, a enxada, o navio, a pólvora, a prensa, a utilização do vapor e o mundo fantástico das ligas metálicas. A descoberta da gravidade, a ação e reação, a ótica mecânica dos movimentos, e agora, a fusão nuclear, a teoria quântica e os incomensuráveis limites da nanotecnologia. Enfim, são ferramentas e teorias que expressam a maravilha da mente e da compreensão humana.
Bem sabemos, que essas descobertas podem ser bem ou mal utilizadas, reside aí o arbítrio da humanidade. No mundo globalizado, o desafio está em promover a disseminação deste conhecimento e o intercâmbio de experiências para que toda a humanidade possa usufruir seus benefícios.
Como engenheiro civil, formado pela Escola Politécnica (Poli/USP), quero saudar a iniciativa desta instituição que estabeleceu um convênio com sete escolas de engenharia espalhadas pelo mundo (européias, asiáticas e norte-americanas), no sentido de elaborar um perfil do engenheiro global – intitulado “Global Engineering Excellence”.
O objetivo do estudo é identificar o que as empresas consideram importante para mandar um profissional ao exterior ou quais os motivos que embasam a decisão de desenvolver um produto em determinado lugar, seja pelo custo da mão-de-obra, a capacidade técnica instalada, os impostos e etc. Essa poderá ser uma ferramenta importante para incentivar a interação tecnológica entre diferentes escolas, além de traçar novos rumos para a formação acadêmica no Brasil.
Um dos pontos preliminares do estudo aponta para necessidade de um profissional, que além de dominar matérias elementares como matemática ou física, também seja capaz de assimilar conhecimentos interdisciplinares, como comunicação, outros idiomas e culturas.
Talento e criatividade são marcas da engenharia brasileira. Um exemplo recente é o desenvolvimento de uma alternativa ecologicamente correta e barata para pavimentação de ruas. O Departamento de Transportes da Poli criou um pavimento ecológico a partir do entulho da construção civil, como restos de pilastras, vigas, tijolos, argamassa e pneus velhos. O novo material está sendo usado para pavimentar três quilômetros de vias e estacionamentos da USP Leste e consumiu 15 mil toneladas de entulho e cerca de 6,5 mil pneus velhos. Além de ser 30% mais barato, o material ganha resistência com o tempo. Com isso, associamos o desenvolvimento à preocupação ambiental, por meio a inovação tecnológica. É a engenharia brasileira contribuindo na busca por soluções para equacionar um dos grandes problemas mundiais – o lixo.
Aliás, sou coordenador do Grupo de Trabalho responsável pela elaboração do Projeto de Lei nº 326/05, que dispõe sobre a Política Estadual de Resíduos Sólidos. O bojo do projeto, que está na pauta de votação na Assembléia paulista, consiste no tripé reciclagem, redução e reutilização dos resíduos.
Também não posso deixar de mencionar o Projeto de Lei nº 584, de minha autoria, que estabelece a obrigatoriedade de um projeto básico, aprovado pela autoridade competente, em qualquer procedimento licitatório de obras ou serviços. Neste contexto, destaco a importância da engenharia e, em especial, na área consultiva, por tratar-se de uma ferramenta indispensável na concepção de qualquer empreendimento. É a fase – dentro de todo o processo – de menor investimento e de maior potencial de agregação de valor.
Em meio às comemorações do Dia do Engenheiro, quero creditar a todos os profissionais um papel fundamental para fazer funcionar a engrenagem do desenvolvimento sustentável em nosso País, terreno fértil em meio a tantos “gargalos” em setores nevrálgicos como energia, telecomunicações, transportes, saneamento e abastecimento.
A arte do engenho, o engenho da arte consolidando conhecimentos, abrindo novas fronteiras, superando limites para que este patrimônio seja disponível a todos. Desejo meu e de todos os engenheiros.
Deputado Arnaldo Jardim
Engenheiro Civil (Poli/USP)
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