Deputado Arnaldo Jardim

A ATUALIDADE DO COOPERATIVISMO - 2009

Arnaldo Jardim

Impulsionando a recuperação global por meio das cooperativas”. Este é o lema escolhido pela ACI (Aliança Cooperativista Internacional) para as comemorações deste ano do nosso 87º Dia Internacional do Cooperativismo.

A grave crise econômica que hoje já transborda para uma crise da regulação financeira, de governança global, traz consequências profundas e uma delas é a tendência a brutal de concentração econômico-financeira.

Qual é o antídoto? O Cooperativismo! Como podemos desencadear um círculo virtuoso da economia, de organização do trabalho e da produção, que não acumula excedente e distribui imediatamente os resultados? Por meio do Cooperativismo!

Militante nas três esferas, federal, estadual e municipal, sempre fui um defensor ferrenho das suas oportunidades socioeconômicas, fato que inclusive ensejou-me a elaborar uma publicação: “Cooperativismo: uma alternativa correta, econômica e social, para enfrentarmos a crise global”. Tese que acabou se confirmando, principalmente em setores como o agropecuário e o de crédito, impulsionando um desenvolvimento sustentável e gerando empregos e renda, contribuindo também para o crescimento das comunidades onde se faz presente.

Tendo como carro-chefe a oferta de juros mais baixos, as cooperativas aproveitaram a retração de crédito nas carteiras tradicionais para ganhar espaço. Em 2008, o cooperativismo de crédito teve um crescimento de 36%, ante os 28,2% de todo o sistema financeiro nacional. Para este ano, a expectativa é de que a tendência de alta seja mantida 25% acima da expansão geral do mercado. Para isso, as quase 1.500 cooperativas devem alcançar 4.500 pontos de atendimento, em dezembro (eram 4.182, no fim de 2008), com mais de 600 mil associados – chegando a 4,8 milhões, ao todo – e devem passar de R$ 50 bilhões em ativos, ante os R$ 44,5 bilhões do ano passado, quando as operações de crédito somaram R$ 21,8 bilhões e os depósitos, R$ 18,9 bilhões. 

Apesar da sua fatia no mercado de crédito ainda ser pequena – cerca de 2% do total – a perspectiva é de que chegue a 10% nos próximos cinco anos. Essa certeza decorre do trabalho como diretor do ramo crédito da Frencoop, responsabilidade que abracei e que já podemos comemorar frutos importantes, como a sanção da Lei de Regulamentação do Cooperativismo de Crédito.

No setor agropecuário, somos representados nacionalmente por cooperativas consolidadas, com gestão profissionalizada e foco no negócio, respondeu por 26, 91% do total (US$ 1,08 bilhão) exportado pelo cooperativismo brasileiro. Já no 1º trimestre deste ano, o destaque ficou para o açúcar, com 91% (US$ 150,9 milhões), frente a 59% no 1º trimestre de 2008 (US$ 86,4 milhões) e crescimento de 13,5%, totalizando US$ 165,8 milhões.

A partir das melhorias na proposta do novo plano de safra, as cooperativas deverão receber uma nova linha de capitalização via ampliação das chamadas “cotas-parte” de R$ 2 bilhões a juros de crédito rural para estimular a nova safra (2009/10).

Também devo saudar a implantação do Programa Nacional de Conformidade das Cooperativas (PNC), a partir de um convênio estabelecido entre a OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) e a Ocesp (braço paulista da entidade), voltado principalmente a oferecer um diferencial de mercado para as cooperativas de trabalho, beneficiando as cooperativas e os contratantes, além de minimizar os questionamentos do Ministério Público do Trabalho. O PNC deverá criar normas e critérios para diferenciar e gerar sustentabilidade às cooperativas de trabalho, por meio de auditoria e monitoramento. Este setor, também colheu vitórias importantes como a aprovação na Câmara Federal do substitutivo do Projeto de Lei, que regulamenta o ramo trabalho no País e que deve, agora, ser votado no Senado.

Apesar de termos comemorado vitórias importantes no âmbito do Legislativo, no sentido de escorar o crescimento do sistema cooperativista a partir de um marco legal capaz de contemplar os avanços dos 13 ramos de atividade no País, ainda permanece a indispensável e urgente necessidade de aprovarmos a Lei de Regulamentação do Cooperativismo de Trabalho e um novo texto para o Ato Cooperativo

Em meio às comemorações pelos 87 anos do Cooperativismo, em memória daqueles pioneiros de Rochdale, respeitando a premissa universal de “Ajuda Mútua e Solidariedade” que rege o setor é que nós, membros da Frencoop e do Sistema Cooperativista Brasileiro, precisamos manter a mobilização em torno de matérias imprescindíveis para estimular o crescimento desta atividade socioeconômica e ajudar o Brasil e o mundo a sair da atual crise financeira global.

 

Deputado Arnaldo Jardim – (PPS-SP) diretor da Frencoop – Frente Parlamentar pelo Cooperativismo

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