Deputado Arnaldo Jardim

Agricultura de São Paulo e a crise hídrica - 2015

Arnaldo Jardim

O Brasil e o estado São Paulo, particularmente a região Sudeste, vivem uma grave crise hídrica. Os indicadores da escassez de água, a pior em 80 anos, são alarmantes. O nível do Sistema Cantareira, o maior reservatório de água da região metropolitana de São Paulo – abastece aproximadamente seis milhões de pessoas – ainda é crítico.

Além de comprometer o consumo humano, a crise afeta diretamente a geração de energia elétrica, sacrificando ainda mais a atividade agrícola. Levantamento preliminar do IEA/Apta e da Cati  aponta que a safra 2013/14 teve redução da área cultivada e da produtividade de grãos e de outras culturas, como a cana-de-açúcar e laranja.

Em São Paulo, a escassez hídrica tem sido enfrentada de diferentes formas. O governador Geraldo Alckmin tem feito apelos à diminuição do consumo de água, buscando estimular a economia com a concessão de descontos ou bônus, e de outras formas de motivação para se evitar o desperdício.

Do ponto de vista da agricultura esse desafio também está presente. Além das questões emergenciais que temos tratado, e sabemos que dificilmente escaparemos de algum nível de restrição da oferta de água, há questões estruturais a serem enfrentadas. Afinal de contas, a crise hídrica é um debate mundial e poucas providências foram adotadas para combater as mudanças climáticas.

Quanto aos efeitos da crise hídrica na agricultura, orientado pelo governador Alckmin, tenho dialogado com as entidades e produtores rurais para alertar sobre a necessidade de encontrarmos soluções conjuntas de médio e longo prazo. A Secretaria de Agricultura e Abastecimento busca novas alternativas e procedimentos para fazer frente à escassez de água e orientar nossos produtores neste sentido.

Junto aos fabricantes de equipamentos de irrigação estamos estimulando tanto a busca da inovação tecnológica, como avanços tecnológicos nos equipamentos e melhorar aferição e o controle dos maquinários disponíveis no mercado. Aceleramos ainda o processo de implantação do Programa de Mata Ciliar para garantir a qualidade da água e evitar o assoreamento de rios e mananciais.

São medidas que se somam a sanção pelo governador Alckmin do PRA (Plano de Regularização Ambiental), programa que determinará maior ritmo no processo de recomposição de Reservas Legais e de recuperação de Áreas de Preservação Permanente.

Um terceiro caminho a ser trilhado é a articulação em curso com os prefeitos para a recuperação e a proteção das nascentes – Programa Nascentes Vivas – afetadas pelo longo período de estiagem. A Secretaria de Agricultura também está priorizando ações visando à proteção do solo e atuando para ampliar as alternativas para a reservação e o aproveitamento da água da chuva.

Os institutos de pesquisas agrícolas também estão orientados para o desenvolvimento de cultivares com maior capacidade de resistir ao estresse hídrico. As pesquisas já apresentam bons resultados em algumas variedades de cana, milho e feijão.

Essas, portanto, são algumas das respostas do governo paulista à crise hídrica que não assola apenas a agricultura, mas interfere na produção de energia e nos hábitos e comportamentos de consumo. É uma oportunidade para reformularmos paradigmas e trabalharmos em prol da preservação, do aumento da oferta e da qualidade da água.

 

Arnaldo Jardim é deputado federal licenciado (PPS-SP) e secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo

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