Arnaldo Jardim
O Brasil é o maior produtor e exportador de café do mundo e cultiva as duas espécies mais importantes comercialmente: o Coffea Arabica, ou arábica, e o Coffea Canephora, ou conilon. Segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), o parque cafeeiro ocupa 2,25 milhões de hectares, espalhados por aproximadamente 1.900 municípios, e envolve cerca de 290 mil produtores, a maioria pequenos.
No ano passado, o Brasil colheu 42,3 milhões de sacas, registrando um recorde de exportações com 2,2 milhões de toneladas – crescimento de 1,3% em comparação ao ano anterior. A produção de café arábica foi de 32,05 milhões de sacas e a de café conilon 11,19 milhões de sacas. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produtividade média por hectare é de 22,49 sacas.
A pujança da cafeicultura brasileira é notória, mas ainda assim, é preciso observar o andamento das questões que impactam de forma direta na produção e na exportação do produto. Refiro-me à legislação da União Europeia, que, recente aprovou da lei que restringe a importação de produtos ligados a possíveis desmatamentos ilegais.
Em um mundo cada dia mais globalizado é imprescindível que todos falem a mesma língua independentemente do tema a ser tratado. Mais ainda quando o assunto é sustentabilidade, que se transformou em uma garantia de ‘bom vendedor’. O mesmo acontece com o Brasil, com o desafio constante de se mostrar de acordo com os anseios mundiais e seguir as regras, nem sempre claras e objetivas, mas importante para se manter um meio ambiente saudável e em constante desenvolvimento.
Essa oportunidade ocorre também com o café, cuja cadeia produtiva brasileiro é um exemplo a ser seguido, por estar constantemente alinhada aos principais desafios globais e apoiar a implementação dos princípios de governança socioambiental (ESG). Apesar da justa preocupação, é fundamental que as imposições exteriores não virem regra e muito menos um completo senso de obediência de nossa parte.
O Brasil, como todos sabem, ou pelo menos deveriam saber, é a nação que mais preserva suas florestas (66,3% de nosso território é composto por florestas nativas) e a única a criar leis tão severas em torno da proteção ambiental, tal como o Código Florestal. Precisamos apresentar o quanto avançamos em legislação, tecnologia e monitoramento ambienta. O Brasil deve ter sua agricultura reconhecida como sustentável, além de rastreável, bem como devem reconhecer os avanços na área da inclusão social.
Outro grande desafio é garantir uma perfeita infraestrutura que possibilite o crescimento de nossas exportações. O porto de Santos, por exemplo, recebe navios de 9,5 mil contêineres. O problema é que, especialmente no momento pós-pandemia, os navios passaram a comportar mais de 20 mil contêineres, número que traz desafios operacionais. Infelizmente, os portos brasileiros não evoluíram na mesma proporção do setor agropecuário e da navegação, tendo limitações para a entrada de grandes embarcações.
O café passou por anos conturbados devido aos problemas climáticos que afetaram a colheita e elevaram o preço do produto. São necessárias políticas públicas direcionadas para a cafeicultura, com linhas de crédito que subsidiem os produtores para que os custos não sejam maiores que os investimentos. O cafeicultor precisa de apoio.
Neste sentido, o cooperativismo tem muito a contribuir, auxiliam na produção e na comercialização, bem como na exportação dos produtos, além de facilitar o acesso a insumos e novas tecnologias. O sistema cooperado orienta e apoia a gestão eficiente das propriedades, oferecendo cursos, treinamentos, palestras e seminários.
Participei, ao lado do presidente Pedro Lupion, do Coofee Dinner and Summit, evento organizado pelo Cecafé, que apresentou uma pauta muito consistente abordando os principais temas do setor, desde regras para sua comercialização, sugestão de estratégias comerciais, cuidados fitossanitários, assim como um conjunto de medidas para agregar valor a esse querido produto que é o café. Aproveitei a ocasião para sugerir que estudassem um projeto de lei que estabeleça a rastreabilidade para o setor, o que permitirá garantir reconhecimento internacional, levando em conta as medidas já adotadas para a sustentabilidade da produção, do beneficiamento e da comercialização do produto.
A melhoria da Cafeicultura é, portanto, parte da luta da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) e da Frente Parlamentar do Cooperativismo (Frencoop), das quais sou membro. Faz parte também da luta de todos que defendem o pleno desenvolvimento do agro brasileiro e agem na defesa de um Plano Safra robusto, com mais recursos para o Seguro Rural, que garanta uma justa reparação em caso de perda da produção.
O Plano Safra deve ser tão forte quanto a importância do café para a economia do Brasil.
Deputado Arnaldo Jardim
Vice-presidente Frente Parlamentar da Agropecuária
Presidente da Frente Parlamentar do Cooperativismo
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