Deputado Arnaldo Jardim

Desperdício: quem paga é você! - 2007

Arnaldo Jardim

O Brasil enfrentou o risco de um apagão energético que forçou uma mudança de hábitos país afora. A população, o comércio e a indústria descobriram que é possível poupar energia sem sacrificar o conforto, a competitividade e os níveis de produção.

Passaram-se cinco anos e mesmo registrando taxas de crescimento do PIB inferiores a 3%, o consumo de energia elétrica tem aumentado. A expansão das atividades ligadas à extração e produção de commodities, o aumento do setor comercial e o incremento nas vendas de eletrodomésticos impulsionam a demanda.

Apesar de o Governo Federal descartar um novo racionamento até 2010, afirmação contestada por diversos especialistas, a crescente preocupação com a preservação e o uso racional dos recursos naturais reforçam a necessidade de uma maior eficiência energética.

O desperdício de energia, incluindo eletricidade e o setor petróleo, causa uma perda de cerca de R$ 7 bilhões por ano, de acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Conservação de Energia (Abesco). Para mitigarmos este problema é fundamental a cooperação entre os governos federal, estaduais e municipais, agentes de regulação, fabricantes de equipamentos, investidores e o consumidor comum.

O setor público apresenta índices de desperdício em torno de 40% a 50%, uma perda expressiva dada à lentidão na aplicação de inovações tecnológicas, principalmente em prédios públicos. A administração pública deveria servir de exemplo, com a racionalização do uso da água, a manutenção periódica de ar-condicionados e refrigeradores, a correção de instalações velhas ou equipamentos antigos e, ainda, investir na reeducação com relação ao consumo.   

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) já aprovou investimentos totais de R$ 55,4 milhões em programas de eficiência energética para o biênio 2006/07. São 15 projetos apresentados por distribuidoras de energia que possibilitarão uma economia média de 90 mil megawatts (MW) por ano e a retirada de uma demanda 27,7 MW no horário de pico. Entre as ações, destacam-se a doação de 730 mil lâmpadas fluorescentes, a substituição de 11 mil geladeiras, reformas nas instalações elétricas em residências e a instalação de aquecedores solares.

Pelas regras do setor elétrico, as distribuidoras são obrigadas a aplicar, anualmente, 0,25% de sua receita operacional líquida em programas de eficiência no consumo de energia. Todavia, os órgãos reguladores poderiam avançar no conceito de reciprocidade com os consumidores econômicos, ou seja, reduzir tarifas para quem poupar mais.

Cuidados simples e a troca de alguns utensílios domésticos podem diminuir em até 25,3% o valor da conta de eletricidade, segundo o Procel (Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica). Em São Paulo, o consumo médio residencial é de 188 KWh por mês, segundo a CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz). A concessionária cobra R$ 0,32 pelo KWh, o que neste caso representa em média R$ 61. Com o uso racional de energia é possível diminuir esse valor para R$ 45,5.

Fazendo uso das palavras de Hélio Mattar, do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente: “as indústrias são grandes consumidoras de energia, mas elas são operadas por pessoas e se essas pessoas forem econômicas em casa, vão levar este conceito para o trabalho”.

Num caso hipotético de uma geladeira de R$ 1.500 com o selo Procel, considerando-se uma redução mensal de R$ 5 na conta de luz, em apenas 5 anos o consumidor terá economizado R$ 300.

Na indústria, a Eletrobrás estima que a diminuição do uso de energia pode ser ainda maior, de 31%, com o uso racional ou de fontes alternativas. No comércio, a economia pode atingir 18,9%; no setor público, de 5,4%, e na iluminação pública, de 4,4%.

Quem paga o desperdício é o próprio consumidor! Este deveria ser o lema de uma campanha nacional de conscientização, englobando os diversos setores da sociedade civil e da administração pública. Afinal, todos sabemos usar, o desafio está em usar com responsabilidade.

 

Deputado Arnaldo Jardim – Comissão de Minas e Energia da Câmara Federal

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