Deputado Arnaldo Jardim

Engenharia, alicerce do desenvolvimento - 2016

Arnaldo Jardim

O Instituto de Engenharia de São Paulo comemora neste mês seus 100 anos. Participei no último dia 24 na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo de uma sessão solene para celebrar este importante centenário. Um aniversário que mostrou que o Instituto está mais do que nunca conectado com a atualidade: lançou um projeto de infraestrutura e logística para o agronegócio, para desfazer os gargalos que atrapalham o escoamento e encarecem nossos produtos.

Como engenheiro civil, me animo com uma iniciativa que vem para alavancar nossa produção agropecuária. Fazemos uma das mais modernas agriculturas em todo o mundo, temos condições naturais propícias para produzir alimentos e muita vontade de trabalhar. Mas não temos uma rede eficaz para armazenar, transportar e distribuir esta riqueza.

Nossos produtos ficam caros no mercado internacional, perdem competitividade porque há filas de embarque nos portos, porque o caminho entre o campo e a exportação em si é cheio de onerosos obstáculos. O Instituto de Engenharia mostra que, mais uma vez, está disposto a ajudar o crescimento do Brasil.

Responsável por iniciativas como o metrô de São Paulo e o primeiro avião nacional, o Instituto de Engenharia sempre esteve conectado ao agronegócio. Foi ele o responsável por atitudes de extrema importância para o agro como a utilização do álcool como fonte de energia – assunto mais do que atual em um momento onde o mundo olha com preocupação as mudanças climáticas.

Pensando nos próximos anos, o Instituto, em parceria com outras instituições, quer colocar em prática o projeto “Rota para o Futuro – Plano Nacional de Ocupação do Território Brasileiro pela Ferrovia, Associada ao Agronegócio”. Inúmeras são as razões para justificar esse empreendimento, mas basta examinarmos o enorme dinamismo da produção agropecuária, seu potencial crescimento e a carência mundial por alimentos para avaliarmos o seu importante impacto.

O Plano deverá ter como pilar básico um conjunto de investimentos em infraestrutura, logística, ferrovias e integração com outros modais, com algumas prioridades como a plena operação da ferrovia Norte-Sul. Essa operação contará com ferrovias transversais que serão utilizadas para alimentá-la. Além de investimentos em portos e instalações de apoio às operações portuárias e plataformas logísticas.

O desenvolvimento regional deverá ser sustentado pela implantação de atividades industriais, comerciais e de serviços de cadeia produtiva. O Instituto quer a criação de parques industriais, parques tecnológicos e centros de armazenamento, comercialização e distribuição.  

Uma iniciativa para fazer frente a dados como os da Confederação Nacional de Transporte (CNT), que apontam que o Brasil precisa de investimento mínimo de R$ 195,2 bilhões em pelo menos 111 projetos para solucionar gargalos no escoamento de produção agropecuária. Para ferrovias, são 67 projetos e R$ 80,1 bilhões. Para portos, 75 e R$ 18,8 bilhões. Para navegação interior, 46 e R$ 34 bilhões. Para rodovias, 48 e R$ 60,5 bilhões. E, para terminais, 14 intervenções e R$ 1,8 bilhão.

O estudo entende que se forem implementadas todas essas intervenções também favorecerão o transporte de diversos outros produtos no Brasil, além dos do agronegócio. No total, a CNT sugere 2.045 projetos, com valor estimado de R$ 987,18 bilhões, como investimento mínimo no sistema logístico brasileiro.

São investimentos importantes quando consideramos que somente as condições do pavimento das rodovias levam a um aumento de 30,5% no custo operacional. Se fossem eliminados os gastos adicionais devido a esse gargalo, haveria uma economia anual de R$ 3,8 bilhões somente na produção de soja e de milho.

O montante corresponde ao valor de quase quatro milhões de toneladas de soja ou a 24,4% do investimento público federal em infraestrutura de transporte em 2014. Esse dado torna-se ainda mais relevante porque há uma distribuição inadequada da malha de transporte. 65% da soja são transportados por rodovias.

Nos Estados Unidos, principal concorrente do Brasil, 20% da produção são transportados por rodovias. Na Argentina, o percentual é de 84%, mas as distâncias médias entre regiões produtoras e portos vão de 250 km a 300 km. Nos EUA e Brasil, as distâncias são em torno de 1.000 km. O Brasil utiliza 9% de hidrovias, embora disponha da maior bacia hidrográfica do mundo.

No setor canavieiro, atualmente os custos de corte, carregamento e transporte representam cerca de 30% do custo total da produção de cana. Somente os gastos com transporte equivalem a 12% desse total, como aponta um estudo da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).

A riqueza do campo é responsável por não deixar a economia brasileira entrar de vez no vermelho. Olhar com cuidado para o agronegócio é ter certeza dessa importância. Como engenheiro, me sinto extremamente feliz com a atitude do Instituto de Engenharia.

É preciso construir um novo Brasil, e isso subentende se conectar com os desafios atuais. Nós engenheiros não nos furtamos a encarar esta tarefa porque sabemos da importância de uma boa construção – no sentido denotativo e conotativo.

Estamos presentes nesse desenvolvimento desde muito tempo. Engenheiros foram os responsáveis por desenvolver o eixo da Mogiana, da Sorocabana, da Paulista, etc. Assim como viabilizaram a ligação do Planalto ao Litoral para viabilizar nossas exportações. Todas essas vias, que originalmente eram vias férreas, tiveram o sentido primeiro de escoar a produção. Tudo isso é engenharia. O engenheiro fez, faz e fará, a serviço da nossa gente, do nosso País.

Compartilhe nas Redes Sociais