Arnaldo Jardim
Precisa-se de engenharia porque o mundo não tem mais fronteiras e porque o Brasil não poderá viver eternamente da venda de commodities minerais e agrícolas se quiser se transformar em uma nação com condições de vida dignas para todos. O País sempre conseguiu se destacar pelo seu grande potencial de crescimento, a partir da dimensão territorial, abundância de recursos naturais e criatividade do seu povo. Mas essas qualidades não são suficientes para nos levar ao desenvolvimento permanente e sustentável.
Temos consciência do que construímos em vários setores da agricultura, dos serviços e da indústria, mas a nossa economia está estagnada. Precisamos assim de um rumo inteligente e determinado de aperfeiçoamento e renovação da indústria nacional apoiado no incremento da nossa produtividade, no adensamento das cadeias industriais produtivas e na inovação. Porisso destaco a importância da Engenharia, reconhecidamente a ferramenta indispensável à promoção do desenvolvimento. É o núcleo – dentro de todos os processos – de menor investimento e de maior potencial de agregação de valor.
E o Brasil tem engenheiros e Engenharia para dar conta do que o País precisa, com profissionais qualificados suficientes para atender às nossas demandas atual e futura. O que precisamos é previsibilidade, planejamento e incentivo para podermos exercer na plenitude as nossas atribuições. Os engenheiros são os profissionais do desenvolvimento.
Como engenheiro, formado pela Escola Politécnica da USP, sei o quanto estes profissionais contribuem para o desenvolvimento do País. Mas aprendi que só recursos e ideias interessantes não nos farão progredir. Precisamos ser realistas! Precisamos de metas claras, compreendidas por toda a sociedade!
Continuamos agindo pontualmente, de maneira voluntariosa. Se não temos política industrial, como teremos uma política de inovação? Por conta de um imediatismo – temos empreendido uma rotina de renúncia fiscal que nem de longe alcança a inovação e, ao contrário, pode reforçar métodos de produção inadequados e empregos obsoletos, improdutivos, fadados a desaparecer na próxima sacudidela das especulações financeiras mundiais.
O que a inovação exige hoje de desenvolvidos, pobres ou emergentes, são profissionais com visão global e qualificação – em todas as camadas – capazes de operar entre funções diversas justamente para fazer emergir novas ideias, novos produtos, novos processos, maneiras novas de enxergar e usar de forma econômica os recursos que se tornam caros e escassos, inclusive no País. Mas o Brasil corre na contra mão ao formar massivamente profissionais segmentados que perpetuarão a maneira antiga de produção até que empresa e empregado se extingam.
A inovação pede também que se pense sobre os sistemas de produção e as cadeias de valor de produtos, serviços e – no nosso caso – da democracia. Ninguém inova só e será preciso estimular setores industriais intensivos em tecnologia e outros, como os de agroenergia, agroindústria, turismo, onde o Brasil se diferencia por extensão territorial, características climáticas e geopolíticas ou seja onde temos vantagens competitivas.
Da mesma maneira, além e acima da produtividade do trabalho, será necessário aprimorar a capacidade do capital, com a modernização de processos, atualização de técnicas de gestão, capacidade gerencial e dos empresários. Precisamos renovar nossos parques industriais e incorporar rotineiramente tecnologias avançadas. Em todos os casos, Engenharia e engenheiros devem ser convocados para catalisar os caminhos de bons resultados e retomar a rota do Desenvolvimento.
Arnaldo Jardim. Engenheiro (Poli-USP). Vice-presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Engenharia, Agronomia e Arquitetura do Brasil.
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