Arnaldo Jardim
Participei ao lado do governador Geraldo Alckmin da assinatura do novo Protocolo Agroambiental do Setor Sucroenergético, durante a edição 2017 do Ethanol Summit, um dos mais importantes eventos do setor canavieiro. Esse documento visa superar os desafios advindos da mecanização da colheita e determina boas práticas ambientais para continuarmos a produzir com responsabilidade.
Firmamos um protocolo que incorpora o conceito de que a agricultura é uma das maiores amigas da natureza. Trata-se de uma importante ferramenta para o cumprimento das metas firmadas em 2015 no Acordo do Clima de Paris, em vigor desde novembro de 2016.
O setor sucroenergético contribui para as duas linhas mestras do Acordo que são: o uso responsável do solo e uma maior inserção de biocombustíveis na matriz energética, tornando-a mais limpa. É um setor dos novos tempos, onde no mundo da energia, a palavra-chave na atualidade é “descarbonização”.
É um acordo feito entre o setor sucroenergético – representado pela Organização de Plantadores de Cana da Região Centro-Sul (Orplana) e pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) – e o poder público – secretarias de Agricultura e Abastecimento e do Meio Ambiente e pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb).
Com o documento, o setor decidiu antecipar metas e prazos. Em contrapartida, o Governo do Estado de São Paulo deu uma atenção particularmente na desburocratização com relação a licenças ambientais. Não mudou nenhum critério, não abrandou nenhuma exigência, mas agilizou essas licenças.
Passados 10 anos, o resultado é altamente positivo. A área colhida sem a queima chegou a 97,5%. A redução de gás carbônico e equivalentes foi de 9,27 milhões de toneladas e a emissão de poluentes atmosféricos foi reduzida em 56 milhões de toneladas. Isso equivale às emissões de 162 mil ônibus a diesel circulando por um ano.
A redução do consumo de água no processo industrial atingiu 40%, saindo de 1,52 metro cúbico na safra 2010/2011 para 0,91 metro cúbico na safra 2016/2017. 200 mil hectares de matas ciliares foram protegidos, 8.230 nascentes recuperadas e foram feitos programas de recuperação ambiental em pelo menos 60% das usinas e fornecedores de cana.
Este Protocolo até serviu de modelo para um acordo similar no setor de florestas plantadas e reflorestamento. Nós queremos expandir essa experiência também para outros segmentos, como, por exemplo, a citricultura.
Tivemos resultados que foram decisivos para que o Estado de São Paulo pelo quinto ano consecutivo registrasse um aumento da cobertura vegetal nativa. Além disso, tivemos um resultado em termos globais ao evitar emissões de gás carbônico e uma mudança no padrão econômico e tecnológico, que foi o fato de que para uma lavoura que era queimada para ser melhor colhida, hoje nós temos 98% desta lavoura mecanizada.
Isso significou um investimento muito grande. O número de máquinas saltou de 700 para 3.700 em 10 anos. Cada uma custou em torno de R$ 1 milhão. 3.000 máquinas a mais, multiplicadas por R$ 1 milhão, resulta em um investimento de R$ 3 bilhões. Ou seja, houve todo um desdobramento do ponto de vista de equipamentos, além de mudar o padrão e o perfil do nosso trabalhador do setor sucroenergético.
Com o novo Protocolo que o governador Geraldo Alckmin nos autorizou a elaborar, estendemos o prazo em 10 anos, mas não foi apenas uma questão de data: novas exigências foram colocadas. O próprio fato de metas terem sido cumpridas implicou em novos desafios – e estamos prontos para superá-los em nome de uma produção alinhada com o respeito ao meio ambiente.
Temos certeza de que, junto a nossos parceiros da Unica e da Orplana, conseguiremos implantar com sucesso as metas traçadas pelo novo documento. Um compromisso assinado em um dos mais importantes eventos mundiais sobre etanol. Com organização da Unica, o Ethanol Summit reúne a cada dois anos os maiores especialistas no assunto.
É momento de celebrar o etanol e sua responsabilidade ambiental, sempre levando em conta seu valor agregado, sua grande capacidade de melhoria social e enorme oportunidade de geração de renda. É o nosso combustível. O nosso orgulho.
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