As mudanças relativas ao manejo dos laranjais paulista em função da nova legislação para o controle do cancro cítrico, foram tema do seminário internacional que a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo realizou em parceria com o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus).

Para difundir e implantar as medidas estabelecidas pela Instrução Normativa (IN) nº 37, publicada no dia 6 de setembro de 2016 pelo Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), idealizamos este evento, no Centro de Citricultura “Sylvio Moreira”, em Cordeirópolis, reunindo mais de 200 participantes entre produtores rurais, engenheiros agrônomos, técnicos da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), da Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA), pesquisadores dos institutos mantidos pela Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) e representantes da indústria.

A mudança na legislação atendeu à reivindicação da Secretaria de Agricultura, por meio da Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA), juntamente com a Comissão Técnica de Citricultura e a Câmara Setorial de Citros da Pasta, resultando na Instrução Normativa, que entrará em vigor a partir de março, mas já estamos fazendo nossa lição de casa, reunindo os elos da cadeia produtiva da citricultura diretamente interessados nas mudanças, que permitirão fazer mitigação de risco em produção citrícola, permitindo adotar novas estratégias de manejo e controle que não seja exclusivamente pela erradicação das plantas doentes.

Essa nova legislação estabelece medidas para o controle do cancro em todo o Brasil, abrindo a possibilidade para os 10 Estados com a incidência da praga, como São Paulo, fazerem a mitigação de risco. Na prática, os produtores localizados em áreas afetadas poderão comercializar frutas in natura, tanto no mercado interno como no mercado internacional, desde que adotem as medidas previstas pela legislação, devidamente atestadas em um certificado fitossanitário de origem, apresentando ao consumidor frutas limpas, sem as características típicas de Cancro Cítrico ou Pinta Preta.

O maior mudança contida na nova Instrução é que a propriedade não fica interditada, o processo não é mais compulsório, é voluntário e não mais executado pelo Estado, mas sim certificado e auditado. Confiamos no nosso amigo citricultor, sabemos que ele leva sua atividade a sério e não precisa de uma dura vigilância. A exigência agora passa a ser na partida da fruta livre da praga, e não mais na propriedade toda sem o cancro.

De acordo com o Instituto de Economia Agrícola (IEA) da Secretaria, em 2015 o Estado ganhou 17.849.238 novos pés de laranja, totalizando 162.571.761 pés em produção. Nosso Estado produziu em 2016, até outubro, 11.642.000 toneladas, 73% da produção total brasileira neste ano, que deve chegar a 15.952.253 toneladas. Nossa produção é 12 vezes maior que a da Região Sul inteira.

Sem em momento algum deixar de lado o cuidado com a sanidade, nosso objetivo principal é viabilizar o comércio de um dos produtos campeões de nossa balança comercial, pois São Paulo é o maior produtor de frutas cítricas do Brasil, precisamos explorar esse potencial.

O sistema de mitigação de risco é a integração de diferentes medidas de manejo, pelo menos duas das quais atuam independentemente. Agregadas, elas atingem o nível apropriado de proteção contra a praga do cancro cítrico. Isso gera redução do potencial de inóculo e do número de frutos contaminados na área. Essas medidas serão também mito úteis para identificar e combater plantas que apresentem Pinta Preta, CVC (Clorose Variegada dos Cítros) e HLB (Huanglongbling ou Greeneing). Mais uma vez vale reforçar que não se trata de convivência, mas, de manejo, já que implantando efetivamente esta nova normativa, estaremos dando segurança e tranquilidade aos citricultores e grande impulso e sustentabilidade sanitária à Citricultura Paulista!

Além do seminário realizado em Cordeirópolis, também realizaremos neste mês de novembro workshops regionais para levar informação ao setor citrícola. Eles começam em Avaré, no dia 17, dia 22 será a vez de São José do Rio Preto, e no dia 23 Araraquara.

17/11/2016

Arnaldo Jardim é Secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo