Deputado Arnaldo Jardim

Inovar para melhor produzir e alimentar - 2015

Arnaldo Jardim

De acordo com estimativas da ONU, seremos 9 bilhões de habitantes até 2050. E o Brasil terá que aumentar em 40% a sua capacidade produtiva, utilizando o mesmo espaço, para atender a esta necessidade global. Da ciência e da tecnologia é que virão as respostas para o desafio de suprir a demanda mundial não só por alimentos, mas também por fibras e energia.

É possível aumentar a produtividade, com sustentabilidade? Como? Dentre tantos elementos necessários para vencer este enorme desafio, podemos citar tecnologia agrícola de ponta, plantio direto, sistemas integrados de produção, recursos humanos altamente capacitados, assistência técnica, programas e projetos de desenvolvimento rural, legislação ambiental, fiscalização eficiente e recomposição de vegetação nativa. São Paulo tem tudo isso, e é um exemplo a ser seguido pelo Brasil e pelo mundo.

A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo fomenta e desenvolve o agronegócio paulista com base nas premissas sociais, econômicas e ambientais, que são as diretrizes determinadas pelo Governo Geraldo Alckmin. Foi a primeira Secretaria, inclusive, a prestar conta de suas ações com a publicação de um relatório de sustentabilidade reconhecido internacionalmente.

No campo da ciência agropecuária, o Governo de São Paulo vem buscando cumprir o seu papel por meio da APTA (Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios), que gerencia 6 Institutos (Agronômico, Biológico, de Pesca, de Zootecnia, de Tecnologia de Alimentos, de Economia Agrícola) e 14 Polos Regionais de Pesquisa.

No mês de junho o Instituto Agronômico (IAC) completa 128 anos, com mais de 1020 variedades de 96 espécies de plantas lançadas, entre elas feijão, café, cana-de-açúcar, amendoim, borracha natural, mandioca e por aí vai. O IAC dedica-se ao melhoramento genético convencional de plantas agrícolas e aos pacotes tecnológicos que desenvolvem essas espécies, desde o plantio à colheita, incluindo estudos de solo, clima, pragas e doenças e segurança e eficiência na aplicação de agrotóxicos.

O feijão mais consumido no Brasil – o carioca – é resultado de pesquisa do IAC. Recentemente, o Instituto lançou outra variedade de feijão carioca, que é mais resistente e por isso reduz o uso de agrotóxicos. Resultado científico que baixa custo de produção no campo e reduz impacto para o ambiente e para a saúde do trabalhador, além de ter mais proteínas e cozinhar em menor tempo.

São Paulo é o maior produtor de borracha natural graças às pesquisas do IAC, que segue desenvolvendo novos clones e novas tecnologias de extração de látex, baixando o custo desse procedimento, que é mais alto dentro do cultivo de seringueira. Em relação ao amendoim, 70% dos campos paulistas são plantados com materiais IAC.

90% dos cafezais brasileiros também são plantados com cultivares do Instituto, que desenvolve continuamente variedades mais resistentes e produtivas. Há também variedades adaptadas a regiões quentes e tecnologias de cultivo que reduzem em cerca de três graus a temperatura do ambiente de produção.

Já as variedades de mandioca IAC ocupam cerca de 80% dos campos em São Paulo e Minas Gerais e estão na alimentação nacional, desde a farinha até o polvilho usado para fazer pão de queijo. Somos também referência mundial em citricultura. O maior pomar citrícola do Brasil encontra seu suporte nos trabalhos do Instituto Agronômico, que já desenvolveu 130 variedades-copa e porta-enxertos de citros mais produtivos, mais resistentes e com qualidade de fruta que atende à indústria e ao mercado de frutas frescas.

São Paulo tem a canavicultura mais competitiva do mundo e o Instituto Agronômico é referência também nesta área. O Programa Cana IAC gerou 19 variedades para o setor sucroalcooleiro nos últimos anos. Essas tecnologias têm rompido as fronteiras paulistas e chegado a 11 Estados brasileiros. A transferência de tecnologia chegou ao México e dobrou a produtividade dos canaviais com variedades e pacote tecnológico IAC. As alternativas à energia limpa motivam estudos com mandioca, pinhão-manso e macaúba, como recursos complementares ao etanol proveniente da cana.

Além de inovar outro grande desafio que se apresenta é fazer as novidades chegarem aos produtores e aos campos paulistas e brasileiros. No estado de São Paulo isso ocorre graças à excelência do trabalho desenvolvido pelos técnicos da Cati (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral), que integram a equipe de extensão rural da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, representada pelas 594 Casas da Agricultura presentes em todo o estado. Esse papel da Cati é fundamental, pois permite que todas as categorias de produtores rurais, desde os menores até os maiores possam desfrutar dos avanços produzidos pela área de pesquisa, promovendo o desenvolvimento do agronegócio paulista.

Atendendo à solicitação da FAO de promover ações de divulgação sobre a importância do solo e de sua conservação, o IAC adotou o tema como o mote de sua campanha de aniversário de 128 anos. O Instituto é pioneiro em análises de solos e referência no Brasil nessa prestação de serviços, e desenvolve pacotes tecnológicos direcionados ao uso racional do solo, incluindo análises que orientam a adubação eficiente e sem desperdícios.

É da Secretaria de Agricultura, do Governo do Estado de São Paulo, o único Laboratório de Análise Química de Fertilizantes e de Resíduos público do Brasil, credenciado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para analisar fertilizantes e resíduos. Os diagnósticos auxiliam o Ministério da Agricultura na fiscalização de empresas e garantem a qualidade dos insumos adquiridos pelos agricultores. O IAC analisa resíduos urbanos, agrícolas e industriais que possam servir como fertilizantes.

 

No Instituto, os laboratórios de Fertilidade do Solo e de Física do Solo são acreditados pelo Inmetro. Essas unidades trabalham pelo equilíbrio do solo, imprescindível para uma agricultura moderna e um ambiente limpo. O Instituto Agronômico também tem pesquisado o enriquecimento de alimentos por meio da correção do solo. Os resultados são o aumento de 175% no teor de selênio no feijão e de 38% no milho. São atuações modernas que ajudam a manter o solo fértil, base para a produção de alimentos e matérias-primas para a agroindústria.

 

São Paulo é líder nacional na produção de cana, açúcar, etanol, bioeletricidade, laranja, suco de laranja, borracha natural, ovos, flores, cogumelos. Em todas as áreas em que há destaque do desempenho paulista, há a sustentação oferecida pelos pacotes tecnológicos gerados pelas nossas unidades de pesquisa e levados aos agricultores, devemos isto a dedicação e paixão com que nossos pesquisadores, administradores e extensionistas têm desenvolvido seu trabalho. Enfim se nossa produção depende do solo, luz e agua, isto também significa segurança jurídica, extensão rural e inovação, e disto estamos buscando tratar!

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