Deputado Arnaldo Jardim

Microbacias II: emancipando o produtor rural - 2017

Arnaldo Jardim

O cotidiano de trabalho de 262 organizações rurais paulistas foi transformado pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo com o Projeto de Desenvolvimento Rural Sustentável – Microbacias II – Acesso ao Mercado. Uma iniciativa que garante não apenas mais competitividade às associações, cooperativas e comunidades tradicionais, mas também qualidade de vida, melhores condições de trabalho e sorrisos mais largos nos rostos de quem dedica seus dias a produzir alimentos.

Ficaram apenas na memória, para servir de bons causos em prosas, os dias em que homens e mulheres dessas entidades precisavam carregar pesadas caixas do caminhão ao barracão de processamento –  muitas vezes pequeno demais para a entrada do veículo. Não faz mais parte da rotina deles a preocupação sobre o local de armazenamento de sua rica produção, como transportá-la até o mercado consumidor e qual o caminho para alcançar preços mais justos para seus produtos.

O Microbacias II forma um forte elo entre a produção e a comercialização, é a ponte para o sucesso de vendas dessas entidades. Oferece condições para que produtores assumam todas as fases de seu trabalho, excluindo atravessadores, garantindo um acesso ao mercado com um produto de qualidade, com profissionalismo, bem embalado, com sanidade e valorizado em seu preço – aumentando a renda e a qualidade de vida das pessoas.

Ultrapassou os limites das entidades e incluiu também a recuperação das estradas rurais utilizadas por elas para escoar seus produtos. Então também já não faz mais parte da realidade deles trabalhar driblando os atolamentos causados pela chuva, preocupados com a entrega ou não de seus produtos.

Foram beneficiados, de 2011 a 2017, 57 municípios, com a recuperação de 789,21km, com valor total das obras de cerca de R$ 25 milhões. Novos convênios foram assinados para beneficiar 46 municípios, totalizando mais de 396,3km, com valor total das obras de quase R$ 26 milhões. A produção da agricultura familiar, agora, chega mais rápido e com mais segurança e qualidade até o consumidor. Além disso, serviços públicos como veículos escolares, ambulâncias, viatura policial e ônibus passaram a estar presentes, com mais frequência, na área rural.

Os recursos foram ainda mais além e chegaram às cidades, nas Casas da Agricultura, com um nome que já diz tudo: é a casa do produtor. 73 delas foram totalmente reformadas, desde a revisão de instalações elétrica e hidráulica, telhados, pintura, sanitários e, principalmente, adequações para atender às exigências de acessibilidade. Para isso, foram investidos mais de R$ 11 milhões de reais.

Foram adquiridos móveis de escritório; aparelhos audiovisuais; GPS, notebooks, desktops, entre outros itens indispensáveis para uma extensão rural efetiva e de qualidade. Além disso, 485 novos veículos passaram a integrar e renovar a frota. Também foram realizadas 1.836 atividades de capacitação para servidores e produtores, atingindo 72.625 pessoas nas mais diversas cadeias produtivas.

É uma transformação profunda que moderniza processos e agiliza o trabalho diário de pessoas como João Humberto, da Associação dos Produtores Rurais do Sítio Lambari de Casa Branca, beneficiada com packing house para olerícolas. Filho de produtor que ainda mora na propriedade e pai de duas filhas criadas com o dinheiro que vem da terra, lembra que “já aramos muita terra aqui usando burro, começamos lá de baixo, com a enxada na mão. Hoje está diferente. Tudo que facilita nosso trabalho é bom”.

Enquanto sua esposa descasca espigas e lava as caixas de armazenamento, João comemora a diminuição no número de acidentes trazida pelo packing house – que permite a entrada do trator e o reserva uma saída em linha reta de dentro do local. Com isso, não há mais a necessidade de manobras que antes podiam resultar em batidas no caminhão que leva a produção para venda.

O Microbacias II elimina grandes preocupações, e gargalos, como na cadeia produtiva de grãos, exemplificada pela Associação dos Produtores Rurais de Lourdes. O presidente Franklin da Silva Neto agora fala com alegria que “todo produtor de grãos do município de Lourdes tinha um sonho que parecia inacessível a curto prazo. A construção de um silo graneleiro para armazenamento parecia ser uma coisa distante. Mas o Microbacias II provou que, com empenho, dedicação e, principalmente, vontade, é possível realizar o sonho”. Com o armazenamento dos grãos, a entidade obteve preço melhor de comercialização e conseguiu construir o próprio escritório.

O Projeto trouxe uma nova realidade para essas organizações rurais, que agora necessitam buscar fornecedores, identificar clientes e enfrentar as adversidades que o mercado apresenta. Inclusive a meu ver a gestão deve ser o foco do próximo Microbacias, o III. No Microbacias I “arrumamos” a casa ao equilibrar preservação ambiental e produção agropecuária, provando que os dois podem e devem conviver em perfeita harmonia.

Com o Microbacias II, o pequeno produtor e o agricultor familiar puderam sem receio algum abrir as portas de sua casa para os visitantes mais esperados, os compradores, mostrando que sabem o que estão fazendo, deixando de lado de uma vez por todas a ideia de que são amadores, espantando o clichê de “café com leite”, o governador Alckmin é um entusiasta deste projeto. 

Então agora é hora de focar em ajudar nosso amigo do campo na gestão desse trabalho. Eliminar mais gargalos, capacitar o produtor rural, transformá-lo em empresário, empreendedor, alguém que segura as rédeas do próprio trabalho. Orgulhosamente caipira sim, mas em momento algum ingênuo, fácil de ser ludibriado ou ultrapassado.

Celebramos o sucesso do Microbacias II tendo a certeza de que toda vez que há uma mão estendida, e ela é firme e limpa, há reciprocidade. Em solo fértil e disposto a produzir basta lançar a semente que o resultado é garantido.

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