Deputado Arnaldo Jardim

O Brasil e sua agricultura sustentável - 2015

Arnaldo Jardim

O mundo está voltado para a Convenção da Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 21), a ser realizada em Paris. É importante um acordo justo, ambicioso e dinâmico que promova a ação e gere resultados que representem avanço no enfrentamento deste desafio climático que impacta diretamente a vida das pessoas.

Nesse contexto, é fundamental destacar que a agricultura não é inimiga do meio ambiente! Por orientação do Governador Alckmin, trabalhamos para implantar cada vez mais programas e práticas que viabilizem o aumento da produtividade e da produção com o menor impacto ambiental e preservando solo e água.

Estima-se que o Brasil reúna quase 12% da vida natural do planeta, pontuando fortemente como referência em biodiversidade. Assim como um país marcado pelos superlativos, o Brasil é visto internacionalmente, como o de maior potencial para ampliar a produção de alimentos para atender ao crescimento da população mundial que, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU) deve saltar dos atuais 7,3 bilhões de habitantes para 9,6 bilhões em 2050.

A preocupação é mundial. De acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), cerca de 7 milhões de hectares de terras cultiváveis são perdidos por ano devido à erosão dos solos.

Em aproximadamente trinta anos, o Brasil passou de importador de alimentos a um dos maiores produtores, sendo o primeiro país tropical a conseguir se posicionar como um dos maiores exportadores de grãos do mundo, com potencial para continuar crescendo. Por isso é necessário aumentar os cuidados com os recursos naturais, fator de produção! Podemos aceitar este desafio e fazê-lo de forma sustentável.

Um estudo apresentado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com base nos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que as atividades agrícolas ocupam 9,7% das terras do país. As lavouras permanentes ou de ciclos mais longos, como café, cítricos, e frutíferos ocupam 18,8 milhões de hectares, 2,2% do território nacional. As lavouras temporárias, de ciclo anual, como feijão, milho, soja, trigo, arroz e algodão ocupam 57,9 milhões de hectares, 6,8% de áreas produtivas. As florestas plantadas, por sua vez, ocupam 5,6 milhões de hectares, ou 0,7% do território.

Ao somar toda a área agropecuária, o número sobe para 172,3 milhões de hectares, ou seja, 20,2% do território nacional. Uma ocupação pequena para uma grande produção.

Em especial, o Estado de São Paulo, vem adotando ações para se tornar um exemplo de agricultura integrada ao meio ambiente, com a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). Sistema que permite que uma propriedade rural produza o ano todo, com mais diversidade de culturas, e ainda intensifique a produção sem degradação, entre outras práticas, ancorando o aumento da produtividade, em políticas adequadas e no empreendedorismo do produtor rural, já que 70% dos alimentos consumidos em todo o País vêm de pequenas propriedades, aptas a desenvolverem a produção em consonância com o meio ambiente.

Os órgãos governamentais, ambientais e o setor produtivo têm pactuado com a meta da produção sustentável, como foi o caso do Protocolo Agroambiental do setor Sucroenergético Paulista, que elimina a queima da despalha do canavial, mecanizando adequadamente esse processo que já conta com a adesão de 90% da produção no Estado.

O Plano de Agricultura de Baixo Carbono (ABC), criado para estimular a adoção de tecnologias de produção sustentável, com o objetivo de reduzir a emissão de gases de efeito estufa terá sua versão paulista.

Há uma diretriz de trabalho para inovação na direção da agricultura sustentável, dos institutos de pesquisa da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

Esse é o hercúleo e perene desafio: assegurar o aumento da produtividade com sustentabilidade! Usar todos os recursos disponíveis, como sistemas integrados de produção, recursos humanos altamente capacitados, assistência técnica, por meio da extensão rural, programas de recomposição de vegetação nativa aliadas a uma fiscalização eficiente.

O setor agropecuário brasileiro vem dando o exemplo de como produzir mais, sem aumentar áreas plantadas e em sintonia com o meio ambiente. Os setores produtivo e governamental de São Paulo caminham na mesma direção e devem se unir ainda mais para continuarmos na vanguarda da agricultura sustentável.

 

Arnaldo Jardim é secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo e deputado federal licenciado (PPS-SP).

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