Deputado Arnaldo Jardim

Os solos têm vida! - 2015

Arnaldo Jardim

São Paulo abriga uma intensa e diversificada atividade agropecuária. Por isso os desafios da gestão pública relativos aos tratos da terra renovam-se diariamente. Agora, no dia 15 de abril, quando se comemora o Dia Nacional da Conservação do Solo, editei nova resolução sobre os procedimentos para fiscalização da lei estadual do uso do solo. Eles aprimoram o roteiro de elaboração de projetos, orientam mais detalhadamente os agricultores e permitirão atualizar o Manual de Conservação de Solos editado em 1993.

É essencial manter um equilíbrio cuidadoso entre a necessidade de preservar os nossos recursos naturais e expandir a nossa produção de alimentos. E neste momento, às portas do início de nova safra, quando os brasileiros sentem os impactos da falta de água, reforço a necessidade de se atentar para o solo, pois seu manejo adequado contribui para preservação da quantidade e da qualidade dos recursos hídricos.

A degradação dos solos tem um impacto negativo na produção de alimentos e na prestação de serviços ambientais. Entre suas principais causas incluem-se a da erosão hídrica, a aplicação intensa de agrotóxicos e o desmatamento. A saúde dos solos depara-se com um grande desafio: 33% das terras do planeta estão degradadas o que se expressa na redução da cobertura vegetal, no assoreamento dos cursos d’água, na diminuição da fertilidade, na contaminação do solo e da água e no empobrecimento das colheitas.

Está aí a razão pela qual, em 2013, a ONU aprovou, a partir de resoluções propostas pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o dia 05 de dezembro como o Dia Mundial dos Solos e instituiu 2015 como o Ano Internacional dos Solos. São oportunidades para maior conscientização sobre a relevância do solo como base do desenvolvimento socioeconômico das nações.

Os solos sequestram e armazenam o carbono como matéria orgânica, contribuindo para reduzir o efeito estufa e as possíveis mudanças climáticas globais; têm influência decisiva no ciclo hidrológico do planeta por sua ação de filtragem; constituem matéria prima básica para as construções.

São Paulo junta-se à FAO para divulgar a importância desse recurso natural e de sua conservação. Debaixo dos nossos pés e tão ignorados, os solos estão na base da agricultura e da luta contra a fome: 95% de todo alimento produzido no mundo vêm do solo. Cumprem o papel de reservatórios da biodiversidade, moradia de bilhões de microrganismos de centenas de espécies. Os solos têm vida!

Por não ser um recurso renovável o solo deve ser preservado sob pena de precisarmos lidar a médio prazo com outra grande ameaça à vida do planeta. A preservação é um desafio urgente: um centímetro de solo pode levar milhares de anos para ser formado e esta mesma quantidade pode ser destruída em alguns minutos por uma prática incorreta de manejo, como a que não previne a erosão ou a que nele lança rejeitos poluidores.

A discussão e as decisões firmes quanto aos temas relativos aos solos são fundamentais para alcançar os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável que espero sejam estabelecidos a partir deste ano. A erradicação da pobreza, a mudança de padrões de produção e consumo e a proteção e uso dos recursos naturais para o desenvolvimento econômico e social são preocupações que estão na base do crescimento sustentável e são cruciais para uma abordagem integral dos solos.

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