Deputado Arnaldo Jardim

Perspectivas para o Agro (Matão/SP)

Arnaldo Jardim

Depois de um ano extraordinário para o agronegócio brasileiro, que registrou, em 2022, sucessivos recordes de exportação, as perspectivas para o futuro continuam positivas, mas é preciso fazer o dever de casa.

Ainda sob os efeitos da pandemia do Covid-19, e potencializados pela guerra na Ucrânia, os preços das commodities agrícolas atingiram patamares históricos. Segundo o Ministério da Economia, as exportações brasileiras do agronegócio somaram, em junho de 2022, US$ 15,8 bilhões, contribuindo com 48% de todas as exportações brasileiras – um recorde da série histórica.

São Paulo concorreu decisivamente para esses números. O agro paulista participou com 20,7% de todas as vendas externas do setor, com destaque para açúcar, a carne bovina, a soja, a celulose e o suco de laranja. Foram US$ 69,38 bilhões em exportações, que trouxeram benefícios para toda a cadeia do agronegócio e dinheiro para o bolso do agricultor.

Por isso o sucesso da 27ª edição da Agrishow, que atraiu visitantes do Brasil e do exterior atrás das últimas tecnologias agrícolas disponíveis no mercado, alcançando um recorde de vendas. Durante a feira, os negócios totalizaram mais de R$ 11 bilhões em máquinas agrícolas, equipamentos para irrigação e para armazenagem, fundamentais para o aumento da produtividade no campo.

As exportações, entretanto, perderam força no final do ano, impactadas pela escalada nos preços de fertilizantes, pelo clima desfavorável em algumas regiões do Brasil e pelas incertezas em relação à China, nosso maior comprador – uma nova onda de Covid-19 desacelerou o crescimento do país asiático e afetou o ritmo das exportações brasileiras.

Mesmo diante desse cenário desafiador, o agro, um dos principais motores da economia brasileira, dá sinais claros de que manterá o ritmo de crescimento. Prova disso é a estimativa de 310 milhões de toneladas de grãos para a safra 2022/23, quase 15% a mais do que a última colheita. Uma pujança que impõe a qualquer governo o dever de manter o setor aquecido para atender às crescentes demandas nacional e global.

Há, entretanto, desafios, como o aumento do custo de produção – alguns insumos simplesmente dobraram de valor nos últimos 12 meses-, uma possível queda no preço das commodities neste ano e, principalmente, a necessidade de adaptação à nova lei anti-desmatamento da União Europeia que impedirá entrada de produtos ligados à degradação florestal.

Por isso, precisamos olhar além e nos prepararmos para uma inevitável revolução: a da sustentabilidade. Por todo o mundo, consolidam-se novos padrões de consumo que estão conformando as cadeias produtivas. O agronegócio não ficará à margem. Todos questionam onde é produzida a soja. Se a energia utilizada na produção vem de fontes renováveis ou se os resíduos são descartados de forma ambientalmente correta. Sem falar no uso excessivo dos agroquímicos.

Já mostramos que temos vantagens comparativas na produção de alimento. Precisamos mostrar que temos capacidade de produzir alimentos únicos e alinhados com as demandas dos mercados mais exigentes.

 

Deputado Arnaldo Jardim

Cidadania – SP

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