Arnaldo Jardim
A polêmica sobre o embarque de animais vivos pelo Porto de Santos coloca mais uma vez a pecuária nacional no foco das atenções, e nem sempre sendo feita a justiça que ela merece. Em meio a paixões, ideologias e notícias desencontradas, esqueceram que o setor agropecuário é essencial para o desenvolvimento econômico e para garantir a alimentação do povo brasileiro.
Este episódio recente proporcionou excelente oportunidade para esclarecimento sobre a importância da carne na alimentação e em relação ao bem-estar animal. O Brasil é signatário da Organização Internacional de Saúde Animal (OIE) e, por conta disso, aplica todas as recomendações dessa organização sobre o tema bem-estar animal.
Ao contrário do que pregam aqueles que desconhecem os protocolos e procedimentos do transporte de animais vivos, o Brasil adota os melhores métodos e práticas tanto nacionais quanto internacionais, como por exemplo:
Além do cumprimento da rigorosa legislação e das regras internacionais, cuidados adicionais são acrescentados pelas empresas responsáveis pela venda e pelo transporte. Isso porque elas respondem pela qualidade de saúde e bem-estar dos animais quando da entrega ao comprador, que pode recusar os animais e gerar prejuízos.
Importante considerar aspectos ligados ao crescimento da população mundial e a segurança alimentar. Conforme a OCDE, para garantir a alimentação global equilibrada em 10 anos, o mundo precisa aumentar em 20% a oferta de alimentos.
Neste cenário, o Brasil é o país mais preparado para responder ao desafio de atender esta demanda mundial por alimentos de forma sustentável. A contribuição da proteína animal é imprescindível para a população brasileira e para a segurança alimentar mundial.
As exportações brasileiras de carne bovina in natura iniciam 2018 com resultados animadores para o setor. Segundo dados da Secex, o volume embarcado em janeiro (99,5 mil toneladas) e a receita em dólar (US$ 425,82 milhões) são os mais elevados desde 2014. Ainda que a quantidade embarcada tenha caído 8,3% frente à de dezembro, subiu 14,22% em relação à de janeiro/17.
Em 2017, os embarques brasileiros surpreenderam, e esse cenário se deve especialmente às vendas a Hong Kong e à China. De 2016 para 2017, houve aumento na participação destas regiões asiáticas no total embarcado pelo Brasil, o que, segundo pesquisadores do Cepea, pode ser um alerta, visto que mostra a dependência de dois grandes compradores e, portanto, a necessidade de o País diversificar as vendas externas de carne bovina.
Do total embarcado pelo Brasil no ano passado, 38,3% tiveram como destino Hong Kong e China. Os dois, juntos, foram responsáveis por 37,6% da receita arrecadada pelo Brasil em 2017. Em 2016, Hong Kong e China representavam 33,4% do volume embarcado e 32% da receita.
Além da carne, nossa exportação vegetal também se destaca. A safra brasileira de grãos 2016/2017, por exemplo, foi recorde, com produção de 242 milhões de toneladas. O ano de 2017 promete ser um ano de recorde também nas exportações do agronegócio, sendo que os produtos que mais contribuíram para este resultado foram soja em grão, açúcar, carnes e frutas.
No mercado de trabalho, o setor oferece ocupação para 18 milhões de brasileiros, o que representa mais de 20% do total de ocupados no Brasil. Parte considerável deste número de empregados é ligado ao setor da pecuária. Diante destes números, é de extrema importância o cuidado no trato do setor e da população que dele depende e se abastece, com o respeito e a consideração que merecem.
O País também produz inúmeros trabalhos sobre o tema bem-estar animal como os desenvolvidos pelo Grupo ETCO – Grupo de Estudos e Pesquisas em Etologia e Ecologia Animal, na Universidade Estadual Paulista (Unesp), Campus de Jaboticabal.
É preciso sair em defesa da racionalidade, da razoabilidade e da ciência!
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