“Algumas coisas são explicadas
pela ciência, outras pela Fé.
A Páscoa …é mais do que ciência,
é mais que Fé,
Páscoa é Amor.”
Neste domingo, comemoramos a Páscoa – a mais importante data do calendário cristão. É um momento de congregação mundial, celebrada por quase 1/4 da população do planeta, entre cristãos, judeus e religiões espiritualistas. Apesar de a celebração ter significados diferentes, libertação da escravidão, para os judeus, ou a ressureição de Cristo, para católicos e protestantes, existe um fio condutor que une as diferentes concepções: Páscoa é a Renovação da Vida.
Ensina a tradição cristã que, depois da quarta-feira de cinzas, todo fiel deve iniciar a quaresma – são 40 dias de orações que se estendem até a missa de lava-pés. É um momento de especial de reflexão, de recolhimento espiritual, em que devemos buscar nos despir do orgulho, da vaidade e do egoísmo para exercitar o ensinamento maior: “amar ao próximo como a nós mesmos”. É comum também que as pessoas se submetam a privações voluntárias – um simbolismo para o enfrentamento dos grandes desafios da Vida.
Este ano, porém, o fim do carnaval trouxe outra preocupação – a Covid -19, e, no lugar da quaresma, a quarentena, para fazermos frente a uma crise sem precedentes na história recente da humanidade. Em lugar da alegria, trouxe tristeza, pela perda dos entes queridos. Em lugar de celebração, trouxe o isolamento social, como forma de frear a contaminação.
A pandemia está impondo enormes sacrifícios à sociedade. Há sentido em tudo isso? Por que tamanha provação? Quaresma e quarentena, nesse sentido, se aproximam muito em seus objetivos: momento de reflexão. Se não paramos para refletir pela força do amor, paramos na hora da dor. Para refletir sobre a sociedade que construímos, sobre o sofrimento de tantos, e descobrimos que são apenas consequências de nossas próprias escolhas.
Construímos uma sociedade de castas, de privilégios, onde as pessoas se diferenciam pelo que têm e pelo tamanho de suas imagens. Uma sociedade que cultua as celebridades, ao invés das mulheres e dos homens de bem. Uma sociedade desigual que produz riqueza em detrimento da pobreza de milhões. E por ironia do destino, ao matar de forma indistinta, o vírus mostra que somos todos, todos, todos literalmente iguais. Por isso, esse momento nos chama para refletir e adotar de uma nova consciência social.
Precisamos nos renovar, precisamos, enfim, ressuscitar. Não nos será exigido o sacrifício da morte, mas uma transformação interior, uma Renovação de sentimentos e atitudes. A volta à Vida se dará quando deixarmos aflorar o que existe de melhor dentro de nós. Quando resgatarmos o que a Vida moderna nos fez esquecer: o sentimento de preocupação com o outro e de amor ao próximo.
Quando renovarmos nossas esperanças no bem e solidificarmos o amor em nossos corações. Quando cultivarmos pensamentos e sentimentos positivos para nós e para com os outros – atitudes fundamentais para superamos dias difíceis como os de hoje. Se há sacrifícios, há também a oportunidade de refletir sobre a necessária mudança de atitude em relação ao outro, em relação ao próximo, reconhecendo que somos, sim, responsáveis pelo bem estar do nosso irmão. Enfim, oportunidade de deixar aflorar, em nós, a humanidade.
Oportunidade de, frente à escravidão do consumo desmesurado, sermos menos individualistas na hora de fazer compras, pois todos têm necessidades a serem atendidas. De darmos mais atenção aos idosos e àqueles mais susceptíveis à doença e passíveis de internação. De darmos auxílio mental aos entes queridos com uma mensagem de apoio e positividade.
É necessário o resgate da nossa consciência social no uso adequado das nossas posses e, principalmente, dos recursos da sociedade. É necessário olhar para a família, para os amigos e semear uma atitude mais solidária, nutrindo as ações coletivas e os bons exemplos de dedicação, ainda que anônimos. Como aqueles que estão nos hospitais, na linha de frente do combate à epidemia, tratando os infectados, ainda que colocando em risco a própria Vida ou de seus familiares.
Amigos, em meio à crise que nos abate, que ceifa Vidas, destrói empregos e aumenta ainda mais a pobreza, que a proximidade da Páscoa possa nos fazer acreditar que das dificuldades possamos trilhar novos caminhos, onde a esperança renasça diante das privações, estabelecendo mudanças de atitude e criando novas referências para a sociedade.
Boa Páscoa a todos,
Deputado Arnaldo Jardim
Cidadania – SP